O FENÓMENO DO AR CONDICIONADO
No passado dia 4, tudo levava a crer que iriamos ter mais um grande e animado jantar dos Bobbys. Convocatória feita, muitos se apressaram a confirmar. Apesar das baixas de peso, talvez por este jantar da queima ter sido, excecionalmente, organizado ao sábado, lá foram chegando, à estátua do Bobby Anónimo, mais de uma dezena de Bobbys, acompanhados por mais de duas dezenas de garrafas de tinto, entre presunto, queijo e as famosas ruffles. Tudo indiciava que iria, de facto, ser um grande jantar Comemorativo dos XXI anos desta nobre instituição. Contudo, logo ali, uma falha...a falta da coroa de flores, ainda que impressa a preto e branco num papel A4...
À hora do costume, lá nos fomos dirigindo para o local reservado para o repasto, com mais tradição nas Latadas do que nas Queimas. Chegados ao local, cumprimentaram-se os sócios-gerentes e as restantes autoridades, trocaram-se galhardetes com as mesas vizinhas, expôs-se a bandeira institucional na parede, ao centro da mesa para nós reservada e...aguardou-se pelas dezenas de garrafas de vinho, que tardaram em chegar. Tardaram mas...chegaram.
Fez-se um primeiro brinde e...aguardou-se. As primeiras travessas de comida começaram a passar, meia hora depois mas...para a mesa da frente. Aguardou-se. Mais meia hora e uma dúzia de travessas passa para a mesa...do lado direito. Aguardou-se. "É só mais um bocadinho" dizia o atarefado empregado de mesa. Aguardámos...sentados, de pé e...condicionados pois, como se não bastasse, o Ar Condicionado foi ligado debitando ar quente para as nossas mioleiras, que na altura já deveriam estar a ferver...
Surpreendentemente (ou talvez não) o Presidente nada dizia. Nem uma declaração aos esfomeados presentes, com uma explicação plausível para o que se estava a passar. Alguém dizia que ele "ia tirar um coelho da cartola" mas...mais de uma hora e meia depois, nem coelho, nem lebre, nem mesmo gato. Bebia-se aproximadamente ao ritmo dos jantares anteriores mas, desta vez sem o "B" do nosso "BCP". A um dado momento, já no meio de alguma confiusão, uma voz entusiasmada dizia "Isto são os Bobbys!!!". Olho para o lado e vejo que tinha sido o Presidente a proferir tais palavras. Pensei cá para mim...isto só pode ser do Ar Condicionado.
Nem a "Ternura dos 40" de um dos Bobbys presentes salvou a honra do convento. Alguém, num dado momento, preferiu cantar "E depois do Adeus". Houve mesmo Bobbys que partiram sem cheirar os negritos, a salsicha fresca, a entremeada, o frango e as febras grelhadas que chegaram à mesa duas horas e mais de 20 garrafas de tinto depois de termos chegado ao local reservado para o repasto. Estávamos, claramente, condicionados. As ausências eram mais que muitas...faltavam palavras e, acima de tudo, comida.
Veio a comida e...faltaram as palavras. Onde estão os tempos dos acalorados jantares-debate dos Bobbys? O presidente, finalmente, acabou por dizer algumas palavras, vangloriando-se, acima de tudo, do seu passado. Mas...onde está o futuro? Falava-se já da necessidade de um Conclave com caráter de urgência quando entram os Tabueiros sala adentro. Tudo se transformou. O ambiente da sala, das casas de banho, as cores e olhares dos presentes e, até o Ar Condicionado, que foi desligado. Dali partimos, a toque de caixa, para mais uma Grande Madrugada que culminou em frente ao mítico Montanha.
Bem haja ao Ar Condicionado.
Phonseca
(este texto foi escrito ao abrigo do novo AO)
1 comentário:
É com agrado que registo a decrição fiel dos factos ocorridos no jantar de sábado. O presidente "acondicionou" o poder de forma criativa e divertida, mas incompatível com a ralhação. Há quem insinue que os tabueiros estão para os bobbys como o ruído das botas da tropa estavam para o nazismo. Tudo serve para calar algumas vozes menos consonantes.
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