sábado, 12 de maio de 2012

Carta Aberta ao Director De Um Jornal Regional



Exmo Sr Director

Tomei conhecimento da inserção, na coluna social do jornal que VExa proficientemente dirige, de uma reportagem, predominantemente fotográfica, publicitando o vigésimo aniversário da «Real Tertúlia os-Bobbys» a que honradamente pertenço.
Poderia deter-me em considerações esmiuçadas sobre o curto texto que a acompanha. Não o vou fazer, pelo menos até ao limite do que a minha consciência impõe.
O que pretendo enfatizar, fálica e energicamente enfatizar, é que pouco viu a objectiva que nos focou.
Desde já o advirto que este texto não pretende ser uma análise à organização, antes o destapar do véu para que, ao menos,  VExa possa ver o rosto.
São três as suas dimensões.
A primeira é bio-psico- e só marginalmente social. Biológica no sentido literal do termo,  dela fazem parte as iniciais inscritas no seu código genético, a tríade de elementos ímpares que a constituem e mobilizam; o psiquismo é dominante nos bobbys e assume neles uma expressão de exaltação. Não existem traços psicopatológicos distintivos, sendo nula a tendência para a histeria colectiva, excepto nos segundos que precedem um penalti; por fim, e em firme oposição ao sugerido, os bobbys vivem, preferencialmente, na margem do rio social, na periferia do sucesso.

A segunda dimensão não a conhece VExa , de todo. Poderia ter tido contacto com ela, epidermicamente, se tivesse integrado a viagem de circum-navegação à ALMA Bobby, que decorreu durante todo o passado fim-de-semana. Teria sido, estou certo, bem aceite na nau, como têm sido, aliás, todos aqueles «que vêem a luz».
A terceira dimensão não foi ainda revelada. Por momentos, eu próprio pensei que, nas semanas que antecederam a chegada da troika – gente bruta, sem instrução ou educação, como tão bem a descreveu um nosso eloquente membro – a ordem seria dada. Não foi. Resta esperar que a Divina Providência – a mesma que pôs o Boca-Rota no poder – se assim o desejar nos dê sinal.
Este texto caminha aceleradamente para a meta.
De ele se deduz, Exmo Sr. Director,  que as lentes do vosso colaborador apenas captaram uma terça parte da primeira das três dimensões que a nossa organização encerra. Objectivamente pobre, subjectivamente paupérrimo.
E não tendo sido o corpo visto e a alma captada, aos seus leitores foi dado nada.
Agradeço a colocação desta carta num espaço onde, pelo menos, o repórter que nos visitou a possa ler.

Creia-me com consideração e estima

Pedro Tejo

2 comentários:

danieltaborda disse...

para aumentar a capacidade de captação tridimensional, nada melhor do que participar num jantar de sexta. há um contexto não despiciendo.
os meus respeitos.

Cavaleiro Bobby disse...

Vou degustar esta prosa calmamente e reservo para mais tarde um comentário mais elaborado.

Independentemente do autor,parece-me que fica algures entre o esotérico e o sei lá o quê...