Exmo Sr Director
Tomei conhecimento da inserção, na coluna social do jornal que VExa proficientemente dirige, de uma reportagem, predominantemente fotográfica, publicitando o vigésimo aniversário da «Real Tertúlia os-Bobbys» a que honradamente pertenço.
Poderia deter-me em considerações esmiuçadas sobre o curto texto que a acompanha. Não o vou fazer, pelo menos até ao limite do que a minha consciência impõe.
O que pretendo enfatizar, fálica e energicamente enfatizar, é que pouco viu a objectiva que nos focou.
Desde já o advirto que este texto não pretende ser uma análise à organização, antes o destapar do véu para que, ao menos, VExa possa ver o rosto.
São três as suas dimensões.
A primeira é bio-psico- e só marginalmente social. Biológica no sentido literal do termo, dela fazem parte as iniciais inscritas no seu código genético, a tríade de elementos ímpares que a constituem e mobilizam; o psiquismo é dominante nos bobbys e assume neles uma expressão de exaltação. Não existem traços psicopatológicos distintivos, sendo nula a tendência para a histeria colectiva, excepto nos segundos que precedem um penalti; por fim, e em firme oposição ao sugerido, os bobbys vivem, preferencialmente, na margem do rio social, na periferia do sucesso.
A segunda dimensão não a conhece VExa , de todo. Poderia ter tido contacto com ela, epidermicamente, se tivesse integrado a viagem de circum-navegação à ALMA Bobby, que decorreu durante todo o passado fim-de-semana. Teria sido, estou certo, bem aceite na nau, como têm sido, aliás, todos aqueles «que vêem a luz».
A terceira dimensão não foi ainda revelada. Por momentos, eu próprio pensei que, nas semanas que antecederam a chegada da troika – gente bruta, sem instrução ou educação, como tão bem a descreveu um nosso eloquente membro – a ordem seria dada. Não foi. Resta esperar que a Divina Providência – a mesma que pôs o Boca-Rota no poder – se assim o desejar nos dê sinal.
Este texto caminha aceleradamente para a meta.
De ele se deduz, Exmo Sr. Director, que as lentes do vosso colaborador apenas captaram uma terça parte da primeira das três dimensões que a nossa organização encerra. Objectivamente pobre, subjectivamente paupérrimo.
E não tendo sido o corpo visto e a alma captada, aos seus leitores foi dado nada.
Agradeço a colocação desta carta num espaço onde, pelo menos, o repórter que nos visitou a possa ler.
Creia-me com consideração e estima
Pedro Tejo
2 comentários:
para aumentar a capacidade de captação tridimensional, nada melhor do que participar num jantar de sexta. há um contexto não despiciendo.
os meus respeitos.
Vou degustar esta prosa calmamente e reservo para mais tarde um comentário mais elaborado.
Independentemente do autor,parece-me que fica algures entre o esotérico e o sei lá o quê...
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